AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 1 de abril de 2010

PAI E FILHO, OUTRO DIÁLOGO IMPROVÁVEL

Pai, hoje posso ir ao cinema à sessão da meia noite?
Francisco, à sessão da meia noite? Tens doze anos, está fora de questão.
Mas pai, o filme é para doze anos.
Tudo bem, o filme pode ser para doze anos mas a sessão da meia noite não é seguramente para gente de doze anos.
Pai, mas a gente tá de férias e a turma combinou ir toda.
Certo, no entanto, parece-me que foi uma combinação apressada. Acho que a turma terá de ir ao cinema sem ti.
Já te disse que vão todos.
E eu já te disse que poderão ir todos menos tu.
Aqui a coisa começa a ficar complicada a sério, o Francisco percebe que o pai parece mesmo determinado e lança o plano B.
Tens alguma razão para não me deixares ir ao cinema com a minha turma? Eu porto-me bem, quase sempre.
Francisco como certamente compreendes não é por causa do teu comportamento que não vais ao cinema à meia noite. É mais simples a razão. A meia noite não é uma hora adequada para tu andares na rua só e ir ao cinema.
Nesta altura, o Francisco, põe uma cara de sofrimento e desconsolo e suspira um martelado "pois, percebo porque é que os meu amigos se dão bem com os pais deles e gostam deles".
Esta apreciação bateu em cheio no desconforto culpabilizante que o pai do Francisco sente pelo pouco tempo (face ao que ele desejaria) que uma vida profissional muito pesada lhe permite dedicar à família. Ainda sentiu a tentação de um "está bem, vais desta vez porque estão de férias e eu vou lá pôr-te e buscar" mas, decidiu-se.
Francisco, é exactamente para me dar bem contigo e porque gosto muito de ti que não vais ao cinema à meia noite.
Na linha de mais alguns que por aqui têm aparecido, este será mais um diálogo improvável.

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