AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A HISTÓRIA DO DIFERENTE

Era uma vez um miúdo chamado Diferente. Quando chegou a altura de ir para a escola os Iguais pensaram que talvez fosse boa ideia o Diferente ir para a escola onde andavam os Iguaizinhos, os filhos dos Iguais.
Ao entrar na escola o Diferente achou, ainda não tinha visto muitos, que os miúdos que lá andavam também eram diferentes, isto é, não eram como ele, mas não, os Iguais explicaram aos Iguaizinhos que apenas o Diferente era Diferente, eles eram Iguaizinhos.
Assim, o Diferente foi para uma sala e os Iguais não sabendo muito bem o que fazer com um Diferente acharam melhor não fazer muita coisa, deram-lhe um brinquedo para estar entretido e aos Iguaizinhos ensinavam coisas da escola. O Diferente sentia-se aborrecido porque também gostava de aprender coisas da escola.
Aos intervalos, os Iguaizinhos iam brincar para o recreio e como os Iguais lhes tinham dito que aquele colega era um Diferente, achavam que talvez ele não soubesse brincar e, por isso, não brincavam com ele. O Diferente sentia-se triste porque gostava de experimentar brincar daquela maneira que os Iguaizinhos brincavam mas ficava num canto a olhar.
Na altura do almoço e dos lanches, os Iguais, temendo que o Diferente pudesse não estar à vontade sentavam-no num canto do refeitório a ver os Iguaizinhos a comer e a conversar o que o deixava pouco satisfeito.
Às vezes, os Iguais levavam os Iguaizinhos a passeios e a visitas mas como pensavam que o Diferente poderia não gostar ou sentir-se bem, deixavam-no na escola com o seu brinquedo. O Diferente não percebia porque não o levavam com os Iguaizinhos naquelas saídas.
Assim eram os dias do Diferente, naquela escola onde os Iguais, de tão cuidadosos e preocupados com ele, não deixavam que nada lhe acontecesse, mesmo nada, nem a vida.

2 comentários:

  1. Pois...mas o que eu pergunto é o que se pode fazer com certos Diferentes numa Escola de tantos Iguais? Eu sei que não é politicamente correcto escrever isto mas também sei o que é ter numa sala de aula de Matemática um aluno autista que não comunica e só faz bolinhas de plasticina e estalinhos com a língua? Eu tive essa experiência e os outros alunos até aceitaram bem e conviviam todos no recreio. Não seria mais adequado esse alunos estar a desenvolver destrezas competências ou o que lhe quiserem chamar, com pessoal especializado? Para mim foi constrangedor sentir que o miúdo passava aquelas horas na aula sem aprender nada. É que todos os outros exigiam muito, dentro da sua igualdade desigual, mas numa margem em que eu sabia actuar. E o Diferente precisava de coisas tão diferentes...

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  2. Claro, Maria, ter o menino que descreve na sua sala, quem qualquer tipo de ajuda a si ou ao miúdo é um crime frequente entre nós. é o contrário do que eu quis dizer na história, é quer acreditar que ele é um Igualzinho, mas ele é Diferente, por isso, como diz precisa de coisas diferentes mas da mesma natureza que são providenciadas aos que achamos Iguaizinhos

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