AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 19 de março de 2010

APRENDER O QUÊ

Quando saiu de mais uma reunião a professora Maria encontrou o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, e como o assunto em discussão estava fresco interpelou-o com curiosidade.
Olá Velho, tudo bem contigo?
De volta dos livros na biblioteca e com os miúdos a passar por lá, estou bem.
Estivemos agora a discutir um assunto complicado, os programas, as disciplinas, os conteúdos. Não é nada fácil. De uma maneira geral todos achamos que o miúdos têm muitas disciplinas, e que também é preciso pensar nos conteúdos que se ensinam em cada uma. O problema é que rapidamente todos achamos que a nossa disciplina é a mais importante e que tudo que se ensina em todas faz falta.
Tens razão Maria, não é fácil. Também acho que são disciplinas a mais, que os conteúdos são extensos. Mas por outro lado os miúdos precisam de aprender umas coisas que deixaram de aprender ou que nunca lhes ensinaram.
Velho, não me digas que ainda é preciso mais disciplinas, já são demais.
Não, estou a dizer que os miúdos precisam de menos disciplinas mas que lhes ensinem coisas que precisam de aprender.
Estás a falar de quê?
Assim, de repente, acho que os miúdos precisam de aprender a cair, para saber como se levantar. Precisam de aprender a escutar, para serem ouvidos. Precisam de aprender a brincar, para saber o que é trabalhar. Precisam de aprender a falhar, para saber acertar mais vezes e mais facilmente. Precisam de aprender a arriscar, para perder o medo de aprender. Precisam de aprender a pensar, para saber decidir. Precisam de aprender o não, para saber tomar conta de si. Precisam de aprender a trocar, para saber ter. Precisam de aprender a falar, para saber comunicar. Precisam de aprender o dever e o direito, para poder ser. Maria, acho que aprendem melhor isto se tiverem menos disciplinas e aprendem melhor as coisas das disciplinas se aprenderem isto.
Velho, sei que não simpatizas com o trabalho de casa, mas arranjaste-me um bem inesperado, pensar nisso.

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