AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

É UM SINAL, BOM, DIGO EU

Ficámos a saber que PSD e PS receberam bastante menos fundos vindos de donativos do que esperavam para as eleições de 2009. A diferença é grande, o PSD previa receber 140 000 € e recebeu uns miseráveis 5875 e o PS, o poder vende, recebeu 91 237 € mas ficou longe da meta que estabeleceu, 600 000 €. É interessante também comparar com 2005 em que o PSD recebeu 353 000 € e o PS 450 000.
É certo que 2009 foi o ano da crise mas também sabemos que os portugueses bateram recordes de donativos em campanhas de solidariedade como as promovidas pelos Bancos Alimentares, AMI e Caritas, mais recentemente, mostraram também grande generosidade para com as vítimas no Haiti. Decorre daqui que a menor comparticipação para os partidos não se terá devido a questões económicas.
Este abaixamento tão significativo dos donativos dos portugueses para financiar a vida dos partidos talvez seja, isso sim, um bom indicador para aferir a representação que se instalou nas comunidades sobre os partidos.
Também me parece que a responsabilidade deste processo de descredibilização se pode encontrar na própria praxis partidária. A instalação de aparelhos partidários que promovem gente sem currículo, mas com filiação, que assalta os lugares da administração pública e das empresas de tutela pública é um dos expoentes dessa praxis, com a óbvia conivência e participação das lideranças.
Esta abaixamento dos donativos parece um claro sinal de que embora a partidocracia domine a vida cívica dos portugueses, estes começam a evidenciar algum cansaço, por assim dizer. Outros sinais emergem, os crescentes níveis de abstenção e o recente anúncio da candidatura presidencial de Fernando Nobre, vão no mesmo sentido.
Será que as lideranças partidárias saberão interpretar estes sinais ou fechar-se-ão na teia dos seus interesses, o poder, os poderes?

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