AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

QUE O MEU FILHO CHEGUE ALTO

É muito frequente ouvir da parte de pais a expressão do desejo de que os seus filhos “sejam alguém na vida” ou, noutra versão, que “subam o mais alto possível”. É importante e desejável que os pais assumam expectativas positivas sobre o futuro dos filhos. As crianças ficam satisfeitas se sentirem que os pais têm confiança nas suas capacidades e na possibilidade de progredirem.
No entanto, estas expectativas nos tempos actuais são muitas vezes expressas de uma forma exacerbada criando uma pressão excessiva que para algumas crianças e adolescentes pode revelar-se insustentável e ter, não é raro, consequências muito pesadas.
Este desejo de que os filhos cheguem o mais alto possível parece ter até uma expressão de significado literal. Ao que relata o DN recorrendo ao testemunho de especialistas, começa a ser frequente que os pais solicitem a prescrição de tratamentos com hormonas de crescimento para que os seus filhos sejam mais altos, não se estando em presença de situações problemáticas ao nível do desenvolvimento corporal. Este comportamento decorre do facto de a altura ser considerada um atributo significativamente contributivo para o sucesso.
Esta atitude dos pais para além de revelar o seu próprio desconforto com os filhos e o seu processo de crescimento, pode revelar-se negativo para algumas crianças que poderão perceber-se como não correspondendo às expectativas dos pais ou como menos capazes de progredir e atingir o sucesso.
Sabemos como o nível extremamente competitivo das sociedades actuais promove comportamentos deste tipo, por isso e como sempre, é fundamental que quem lida com crianças e adolescentes e respectivos pais esteja permanentemente atento à forma como se exerce a parentalidade que, muitas vezes de forma bem intencionada, coloca algumas armadilhas aos miúdos.

2 comentários:

  1. ZÉ MORGADO:Como educadores ,sabemos bem que essas situações acontecem ,com grande frequência, dificultando a nossa tarefa. Nada pior que um pai ou uma mâe frustrados com eles próprios, por não terem podido "ir mais longe"...Como Directora de Turma , enfrentei casos de abandono escolar por os filhos estarem contra as expectativas dos paizinhos. E ,em muitos casos, não havia nada a fazer, porque os pais não ajudavam!
    Beijo de
    Lusibero

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  2. Abominável Cesar das Neves não assusta ninguém11 de janeiro de 2010 às 19:03

    Isto relembra-me as prendas das avós este Natal.
    Ora a minha filha resolveu aos 2 anos dizer que queria ser médica. Tem a credibilidade que tem. É uma criança, agora com 3 anos, em resposta a isso ouve um "É?Que bom amor, muito giro. Sabes mais profissões?" ao que ela responde "economista, fada, etc".

    Era o que mais faltava desmoralizar ou assustar ou tentar incentivar ao estudo uma criança de 3 anos com ladianhas do género "mas olha que para isso tens que estudar muito", nem muito menos "ah fazes muito bem porque a profissão de médico assim e assado como o carlos da maia", ou "ah isso é muito difícil, é melhor pensares noutra coisa" dando logo a entender que ela aos 3 anos tem alguma característica de tão grave que é que logo na idade dela reflecte a incapacidade para determinada área.
    Eu em miúdo quis ser bombeiro, jornalista, professor de história, professor de biologia, etc.

    Mas achei piada a algumas prendas que apareceram no árvore de natal este ano. Além do nenuco que vai ao médico (tudo bem, isto foi ela a pedir) aparecem malas com instrumentos médicos de brincar e um livro do corpo humano muito bem detalhado (que apesar de tudo ela pede-me que o leia; sim, nota-se que ela gosta que a levem a sério como é óbvio)... mas achei caricato. Não faço nenhum juízo de valor às avós, era o que faltava, mas achei interessante.


    Mas estou a ver que a opção preferida é uma associação sucesso(seja lá o que isso for)/conceitos de beleza. Também é interessante...no mínimo. De facto se formos a ver bem, exemplos do jardim infantil onde as capacidades escolares dos miúdos não são muito quantificáveis, existe o/a menino/menina bonita/o da professora, que de facto, são as crianças fisicamente bonitas.
    Resta saber se esta tendência se reflecte ao longo da infância e percurso educacional, o que talvez seja difícil, já que estas crianças com estes níveis de auto estima são frequentemente bons alunos mais tarde...mas acho que se continua a ver o padrão.

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