AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A COMUNIDADE

Nos últimos anos parece ter vindo a inverter-se a tendência de recorrer às medidas de acompanhamento educativo e internamento institucional para lidar com os comportamentos de delinquência de crianças e jovens aumentando significativamente a aplicação de trabalho comunitário e obrigações como frequentar um curso de formação por exemplo. Parece-me um bom caminho embora algum pensamento mais conservador e securitário continue a fazer-se ouvir defendendo a prisão como a medida mais correcta o que comprovadamente, só por si, não funciona. Os estudos sobre a reincidência sugerem que as medidas de restrição de liberdade quando não acompanhadas por outro tipo de intervenção não a minimizam significativamente.
Parece-me, no entanto, claro que algumas situações extremas de risco mais elevado podem solicitar medidas mais restritivas mas sempre numa lógica de excepção e de transitoriedade.
Os comportamentos delinquentes são no fundo um desrespeito e agressão aos valores da comunidade pelo que parece lógico que em consequência desses comportamentos o seu autor seja colocado a desenvolver actividades que sirvam e “reparem” a comunidade “ofendida” e que, simultaneamente, forneçam sistemas de valores que possam influenciar e reabilitar os valores das crianças e jovens envolvidas.
Apesar deste caminho de alteração na forma como a jusante lidamos com os comportamentos delinquentes de crianças e jovens, é fundamental que percebamos o que a montante contribui para a emergência desses comportamentos, ou seja, as causas. E também nesta matéria me parece de privilegiar intervenções de natureza comunitária.

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