AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

HISTÓRIA DO RESIGNADO

Era uma vez um homem chamado Resignado, nome curioso não vos parece? Pois o Resignado desde pequeno foi educado e ensinado a ser o que se espera de um Resignado, ou seja, resignado.
Os pais sempre decidiram tudo o que lhe dizia respeito, quando era pequeno, mas também já mais crescido, mesmo em adulto. Diziam-lhe o que devia fazer, o que devia escolher, o que devia usar, como devia falar, com quem devia brincar, falar ou namorar, por onde devia andar, enfim, decidiam tudo o que podiam na vida dele, do Resignado.
Na escola, durante todo o tempo, comportou-se sempre conforme lhe era pedido, concordasse ou não, esforçou-se por aprender tudo o que lhe ensinavam, mesmo do que não percebia a utilidade. O Resignado não sendo um aluno muito popular entre os colegas, era estimado pelos professores, sobretudo pelos que gostam de alunos resignados.
A sua vida adulta decorreu da mesma forma, acomodou-se num emprego de que não gostava, casou-se com uma mulher que não amava, nem aprendeu a gostar, mas que os pais lhe indicaram como a mulher para a sua vida. O Resignado teve os dois filhos que a mulher lhe pediu, mas com quem sempre lidou mal por serem, dizia, muito rebeldes.
Partiu cedo o Resignado. Primeiro começou a sofrer de uma doença chamada tristeza, algum tempo depois o Resignado tomou a primeira grande decisão da sua vida. A última.

Nota – Tenho a companhia de Dead Can Dance, Into the Labyrinth. Ilustra de forma bonita a tristeza da vida do Resignado.

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