A propósito da petição sobre a responsabilidade dos pais, hoje em discussão na AR, lamento o pessimismo mas não acredito que a “responsabilização” dos pais possa ser decretada. A educação nas sociedades actuais, escolar e familiar, é uma tarefa razoavelmente complexa e com contornos bem diferentes dos de gerações anteriores, pelo que os discursos frequentes que começam “mas dantes … antigamente não, etc.” são de pouca utilidade. Dizer que os pais que não aparecem regularmente na escola são demitidos ou irresponsáveis é o mesmo que afirmar, um exemplo fresco, que a falta de aproveitamento dos alunos se deve exclusivamente ao trabalho dos professores o que, obviamente, não colhe.
Numa nota telegráfica e sem hierarquizar vejamos algumas dimensões que entendo envolvidas na afirmada “desresponsabilização” dos pais, os estilos de vida actuais sobretudo em zonas urbanas e suburbanas, a organização do trabalho, a precariedade do vínculo e a legislação nesta matéria, o baixo nível de escolarização de muitos pais contributivo para uma menor valorização da escolarização dos filhos, a relação assimétrica entre pais e escolas, a cultura que ainda está muito presente na relação entre educadores e pais, assente sobretudo no feedback avaliativo e menos na ajuda e orientação educativa, o facto de os pais, muitos deles, estarem tão perdidos quanto os professores (e sem a formação destes) para lidarem com crianças e adolescentes bem diferentes do que foi a sua própria experiência. Não esqueço que existem pais irresponsáveis e demitidos, mas não são a maioria dos pais que a escola não alcança e que não alcançam a escola e os casos graves, agressões a professores, por exemplo, são um caso de polícia e de justiça, não são resolúveis no contexto da escola e radicam nos valores actualmente “em vigor” no mundo que construímos.
Do meu ponto de vista, introduzir multas ou “decretar” a responsabilização, pode ter um efeito contrário ao pretendido, pais mais “afastados” e em piores condições de serem eficazes. Entendo que ajustamentos na organização do trabalho, definição de recursos nas escolas que permitam alcançar e apoiar os pais, maior fiscalização do cumprimento da legislação sobre a parentalidade e o seu melhoramento, atenção e intervenção precoce face a sinais de negligência paternal, entre outros aspectos seriam melhores contributos do que um procedimento basicamente de repressão ou “responsabilização decretada”.
Insisto, a esmagadora maioria dos pais são pais responsáveis, querem ser bons pais, não retiram prazer dos problemas criados pelos filhos, só que estão aflitos e muitas vezes sós com esses problemas. Talvez já tenham ouvido muitas vezes expressões do tipo ”veja lá se faz alguma coisa do seu filho, que nós, escola, já não sabemos o que fazer”. E o pai sabe?
Numa nota telegráfica e sem hierarquizar vejamos algumas dimensões que entendo envolvidas na afirmada “desresponsabilização” dos pais, os estilos de vida actuais sobretudo em zonas urbanas e suburbanas, a organização do trabalho, a precariedade do vínculo e a legislação nesta matéria, o baixo nível de escolarização de muitos pais contributivo para uma menor valorização da escolarização dos filhos, a relação assimétrica entre pais e escolas, a cultura que ainda está muito presente na relação entre educadores e pais, assente sobretudo no feedback avaliativo e menos na ajuda e orientação educativa, o facto de os pais, muitos deles, estarem tão perdidos quanto os professores (e sem a formação destes) para lidarem com crianças e adolescentes bem diferentes do que foi a sua própria experiência. Não esqueço que existem pais irresponsáveis e demitidos, mas não são a maioria dos pais que a escola não alcança e que não alcançam a escola e os casos graves, agressões a professores, por exemplo, são um caso de polícia e de justiça, não são resolúveis no contexto da escola e radicam nos valores actualmente “em vigor” no mundo que construímos.
Do meu ponto de vista, introduzir multas ou “decretar” a responsabilização, pode ter um efeito contrário ao pretendido, pais mais “afastados” e em piores condições de serem eficazes. Entendo que ajustamentos na organização do trabalho, definição de recursos nas escolas que permitam alcançar e apoiar os pais, maior fiscalização do cumprimento da legislação sobre a parentalidade e o seu melhoramento, atenção e intervenção precoce face a sinais de negligência paternal, entre outros aspectos seriam melhores contributos do que um procedimento basicamente de repressão ou “responsabilização decretada”.
Insisto, a esmagadora maioria dos pais são pais responsáveis, querem ser bons pais, não retiram prazer dos problemas criados pelos filhos, só que estão aflitos e muitas vezes sós com esses problemas. Talvez já tenham ouvido muitas vezes expressões do tipo ”veja lá se faz alguma coisa do seu filho, que nós, escola, já não sabemos o que fazer”. E o pai sabe?
Muito bem! É mesmo isso, não podia ser mais claro e objectivo.
ResponderEliminarObrigada em nome dos pais( neste caso).
Paulo Claro
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPaulo,
ResponderEliminarTambém sou pai. Ao meu pai perguntaram algumas vezes se não era capaz de fazer alguma coisa de mim. Ele fez. A grande maioria dos pais também.
Um abraço