OS MAUS-TRATOS QUE NOS SOBRESSALTAM

Não, não vou voltar ao esgotado e lamentável incidente com Vital Moreira que continua vivo graças à qualidade da política no Portugal dos Pequeninos, nem vou referir-me às preocupantes previsões de aumento do desemprego. Vou falar-vos de uma minudência que quase passa despercebida. Na Região Autónoma da Madeira, paraíso gerido por uma das grandes figuras da democracia em versão lusitana, o inimputável Alberto João, no ano passado registou-se um aumento de 47% no número de menores vítimas de maus-tratos. Sim, perceberam bem, 47%.
Não é possível aceitar sem sobressaltos de consciência que se verifiquem aumentos desta natureza. As explicações para tal situação serão certamente variadas e mais conhecidas pelas pessoas que operam neste âmbito na Região Autónoma. Li, por exemplo, a afirmação de uma ligação do aumento dos maus-tratos à crise em que vivemos, ou seja, sobra sempre para os mais pequenos, mas tal facto, independentemente das justificações, não deixa de ser um indicador do modelo de desenvolvimento e das opções em matéria de política regional, como noutras áreas do país.
Sempre digo que a forma como as comunidades cuidam dos mais vulneráveis, neste caso os miúdos, é um bom critério para avaliar da qualidade e nível de desenvolvimento dessas comunidades.