Joaquim, há aí muita gente a barafustar com a maneira como levam a vida, uns têm razão, passam mal, mas muitos nunca vão perceber o que foi a nossa vida quando éramos novos.
Às vezes ponho-me a falar do que passámos aos meus netos e eu acho que eles pensam que é uma história como as outras que lhes conto. O Miguel ainda se ri quando se lembra de eu lhe ter dito que quando me mandaram para a escola ia envergonhado porque não tinha sapatos e que só andei até à terceira classe. Comecei a trabalhar, como quase todos nós, tinha 11 anos. Lembro-me como se fosse hoje, o meu pai a falar com o encarregado da fábrica dos tijolos e eu, até estava mais alto, ia trabalhar como os homens. Foi difícil, o forno era muito quente e custava estar lá ao pé. E depois fui aprender a serralheiro, tive sorte, fui aprendiz na oficina do Zé Serralheiro, lembras-te dele, bom homem e bom trabalhador como poucos, já morreu há uns anos. O problema foi quando comecei a chegar-me à filha dele, a Laura, era bonita, mas ele lá percebeu que eu estava com boas intenções. Por ela me fiquei, casados quase cinquenta anos e agora sozinho outra vez, os filhos estão cada um para seu lado.
E lembras-te daquele problema da política, quando fomos fazer barulho por causa de terem prendido o Zé da Quinta e o Xico Passarinho por terem protestado por causa das horas que tínhamos de trabalhar ao sábado. Acabámos também presos. Eram tempos difíceis, nem sabíamos com quem se podia falar.
Mas também nos divertíamos. Lembras-te dos bailes no Clube Recreativo, gostava tanto do Baile da Pinha, a minha Laura ainda foi uma vez a rainha do baile, fiquei mesmo inchado.
É Joaquim, a vida hoje é muito diferente. Muitos nem imaginam como foi a nossa. Ainda bem.
Às vezes ponho-me a falar do que passámos aos meus netos e eu acho que eles pensam que é uma história como as outras que lhes conto. O Miguel ainda se ri quando se lembra de eu lhe ter dito que quando me mandaram para a escola ia envergonhado porque não tinha sapatos e que só andei até à terceira classe. Comecei a trabalhar, como quase todos nós, tinha 11 anos. Lembro-me como se fosse hoje, o meu pai a falar com o encarregado da fábrica dos tijolos e eu, até estava mais alto, ia trabalhar como os homens. Foi difícil, o forno era muito quente e custava estar lá ao pé. E depois fui aprender a serralheiro, tive sorte, fui aprendiz na oficina do Zé Serralheiro, lembras-te dele, bom homem e bom trabalhador como poucos, já morreu há uns anos. O problema foi quando comecei a chegar-me à filha dele, a Laura, era bonita, mas ele lá percebeu que eu estava com boas intenções. Por ela me fiquei, casados quase cinquenta anos e agora sozinho outra vez, os filhos estão cada um para seu lado.
E lembras-te daquele problema da política, quando fomos fazer barulho por causa de terem prendido o Zé da Quinta e o Xico Passarinho por terem protestado por causa das horas que tínhamos de trabalhar ao sábado. Acabámos também presos. Eram tempos difíceis, nem sabíamos com quem se podia falar.
Mas também nos divertíamos. Lembras-te dos bailes no Clube Recreativo, gostava tanto do Baile da Pinha, a minha Laura ainda foi uma vez a rainha do baile, fiquei mesmo inchado.
É Joaquim, a vida hoje é muito diferente. Muitos nem imaginam como foi a nossa. Ainda bem.
Costumo ouvir essas estóreas, ou melhor, histórias, ao meu pai, que é um homem bom. Gosto de as ouvir e que o meu filho as ouça também. É uma parte da história do nosso povo, que os mais jovens deviam conhecer.Urge que todos possamos dar o nosso contributo, para que esses tempos não se repitam. Receio que caminhemos para lá. Quem levou uma vida a trabalhar, não merece isso!!!
ResponderEliminarMariana Emídio
Olha Joaquim, se calhar ainda mal, não sei. Foste felisz não foste?
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