AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 1 de março de 2009

PRONTO, ACABOU, VAMOS AO QUE INTERESSA, AS ELEIÇÕES

Não se espera que um congresso partidário defina um programa de governo. Isso é tarefa dos órgãos que o congresso elege. Um congresso é, sobretudo, um espaço de reflexão e reestruturação interna, eleição de novos órgãos, definição de grandes linhas de orientação e alguns discursos virados para fora e, nas mais das vezes, informados por retórica de má qualidade, quando não de baixo nível, dirigidos aos outros partidos. Apesar disso, do discurso final de Sócrates emergem alguns enunciados eleitorais, a extensão da escolaridade obrigatória, a atribuição de bolsas a jovens entre os 15 e os 18 e a cobertura total da oferta de educação pré-escolar, não como disse José Sócrates numa perspectiva de preparação para o 1º ciclo, mas pelos objectivos fundamentais e próprios da educação pré-escolar. Merecem registo positivo.
Em termos de orientação política, o grande objectivo é a maioria absoluta. Para treinar as ideias de absolutismo a Moção de Sócrates foi aprovada por 1094 votos, 13 abstenções e 1 voto contra, ao que parece do próprio Sócrates envergonhado do unanimismo gerado. De salientar o prémio de fidelidade atribuído a Santos Silva promovendo-o de 95º a 10º da lista. O prémio é apoiado pela conhecida marca Pedigree.
O dono da esquerda, o Poeta Alegre, depois de aceitar integrar a Comissão de Honra do Congresso não pôs lá os pés, em mais uma coerente cambalhota e João Cravinho saiu da lista para a Comissão Nacional aquietando, assim, quem se incomodava com a guerra à corrupção que, como sabem, é um estorvo. Merece registo a meia surpresa da indicação de Vital Moreira para cabeça de lista para as Europeias, na linha dos desinteressados convites políticos a Pina Moura ou Mário Lino, por exemplo ou no desejo de contar com o Zé, o Sá Fernandes, para Lisboa logo que o Bloco se afastou, o que transforma o PS numa espécie de albergue dos deserdados da esquerda que sempre rendem alguns votozinhos e compõem a imagem do Partido à esquerda
De resto, talvez a estratégia de vitimização, subjacente a parte dos discursos produzidos, venha a dar algum efeito, o povo costuma ser sensível e uma referência à organização da cerimónia litúrgica em moldes de choque tecnológico que bem poderia ter passado pela distribuição de um Magalhães a cada delegado.
E pronto, voltemos de novo à política a sério, mesmo que sem qualidade.

3 comentários:

  1. Acho (manias minhas) que deveria usar maiúsculas na expressão Dono da Esquerda... Mas não sei o que ditará o acordo ortográfico sobre o assunto...

    Ah, e não devemos esquecer que o congresso dos rosas foi em Espinho... Lá vem a piadinha...

    E... política a sério?? Como? É que só tenho 32 anos... Ainda não vi disso... EXISTE MESMO?? CÁ?!!
    (tenho mesmo muito para aprender!!)

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  2. Há neste artigo o mesmo sinal que topamos nas declarações de Carvalho da Silva que criticou hoje o PS por equacionar os meios e formas de conquistar legitimidade democrática para governar, como se isso fosse um pecado inquinador da acção política,tornando o PS uma espécie de partido "impuro" . Implicitamente, assume que "puros" seriam os que se assumem (PCP e BE) como partidos de protesto, dispensados por isso de definir plataformas de entendimento na óptica de assumir responsabilidades de governação, podendo abusar por isso das ideias sem orçamento e das propostas fracturantes. Mas alimentar essa fogueira é um erro que a direita muito agradece . Comentário mais desenvolvido em www.shortText.com/emozdel

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  3. Caro anónimo,
    Se tiver a oportunidade de ler outros textinhos que por aqui vou deixando creio que será claro o meu entendimento. Não há, evidentemente, qualquer problema de legitimidade com o poder do PS. A minha questão remete sobretudo para o sistema partidocrático instalado. Quanto aos discursos do Manuel Carvalho da Silva e do Bloco ... interesses de ocasião, veja-se as coligações que se fossem propostas ao PC e ao BE não seriam rejeitadas se "cheirasse" poder

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