AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 16 de março de 2009

NÃO ME REFORMEM

Para que conste e antes que a situação se coloque, declaro-me indisponível para me reformar, quero aceder ao estatuto de irreformável. Por várias razões, das quais relevam.
Se os salários já não são muito elevados as reformas são ainda mais baixas e anunciam-se cortes nos seus valores.
Não gosto de jogar sueca e dominó e sou alérgico ao pólen, donde não posso passar o tempo no jardim com outros seniores a jogar debaixo da sombra.
O valor das reformas não permite o acesso a bens de cultura, livros, discos e cinema, por exemplo, que me permitissem ocupar o tempo da reforma. Depressa me deprimiria.
Os miúdos estarão rapidamente a viver 24 horas dentro da escola pelo que já nem tomar conta dos netos é uma actividade que espere pelos reformados.
Começando pelos professores, parece estar em início o apelo a um movimento de voluntariado levando a que os reformados continuem, voluntariamente a trabalhar, mas com o actual salário substituído pela reforma, bem mais baixa, é claro.
As comunidades, de uma forma geral, não estão preparadas com equipamentos para seniores. O equipamento social mais utilizado pelos seniores é a sala de espera do Centro de Saúde. Não me apetece passar neste espaço parte substantiva dos meus dias.
Assim, solicito que, enquanto conseguir, me deixem continuar a trabalhar, não me reformem.

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