AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A QUESTÃO É O DISCURSO OU A REALIDADE?

Sobretudo a partir da altura em que se tornou inevitável o desenvolvimento da crise financeira e económica em termos mundiais e os seus efeitos em Portugal, começámos a assistir a algo que tenho dificuldade em qualificar e entender. A ver se consigo ser claro.
Em relação à crise mundial é, creio, nesta altura aceite que os seus contornos e implicações não foram devidamente antecipados, veja-se nos EUA a situação de Greenspan a pedir desculpa por ter acreditado que o mercado seria capaz de se auto-regular. É também claro que os governos, todos, tendem a assumir discursos optimistas, mais ou menos moderados, mas sempre confiantes, é isso que se espera deles, embora sem negarem a realidade como muitos habitualmente fazem, em Portugal temos bons exemplos. Dito isto, vem então a perplexidade. Sempre que os dados, previsões, etc., independentemente da origem, mostram maiores dificuldades e problemas, e divergem do discurso do Governo, a esmagadora maioria da opinião falada, escrita, blogada, emitida, etc. escolhe a via de, sistematicamente, bater no Governo e, estranhamente, deixa de lado as pesadas consequências que para todos as falhas de previsão ou o discurso optimistas terão para todos nós.
Como as minhas opiniões aqui regularmente colocadas deixam perceber, não sou apoiante do PS, aliás, posso dizê-lo, dificilmente me revejo no espectro partidário existente, pelo que esta reacção não constitui nenhuma tomada de posição favorável ao PS. Tem apenas a ver com a perplexidade que me causa o delírio de gozo que parece atingir os opinantes quando titulam por exemplo, “Banco de Portugal revê em baixa previsão de crescimento do Governo” e pouca gente analisa a consequência desse facto, e isso é que, desculpem lá, mexe verdadeiramente com a nossa vida. Ou seja, mais importante do que saber se o Eng. já admitiu ontem que teremos recessão económica, é saber que consequência para nós todos vai ter a recessão económica. O resto é o folclore político alimentado por uma classe política genericamente medíocre, universo de que o governo, naturalmente, não escapa.

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