AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SEM ABRIGO

Nasceu sem o abrigo de um colo que o esperasse.
Cresceu numa família que nunca foi um porto de abrigo.
Entrou numa escola de onde, passados muitos anos, saiu sem nunca ter encontrado abrigo.
Foi abrigar-se na rua onde encontrou outros desabrigados da vida.
Não encontrou nunca o abrigo de um afecto.
Abrigava-se, quando podia e conseguia, nas sobras dos poucos que reparavam nos olhos tristes por desabrigo.
Arrastou-se, sem abrigo, até ao fim de uma vida feita de ruas desabrigadas em noites de inverno.
Encontrou, finalmente, abrigo num anónimo pedaço de chão.

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