AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

CONTAR O NATAL

Avô, ouvi na escola que o Natal antigamente não era como hoje, em que as pessoas da mesma família se encontram para falar sem usar qualquer dispositivo de som e imagem, estão juntos mesmo, os que podem. Não foi sempre assim?
Não, realmente, há muitos anos não era assim. As pessoas tinham o hábito de quando chegava o Natal comprar muitíssimos presentes para dar aos outros, família ou amigos, gastavam imenso dinheiro nisso, as lojas estavam a abarrotar de gente que andava a abarrotar de sacos de compras.
Então era bom, agora não se dão coisas no Natal.
Bem, para algumas pessoas era bom, os miúdos gostavam porque eram quem recebia mais prendas. Alguns recebiam tantas que nem sabiam o que fazer com elas, nem tinham tempo para brincar com outros miúdos.
Então porque acabou?
Houve uma época, no ano de 2008 e de 2009, em que a vida das pessoas começou a ficar muito complicada, muitas pessoas sem emprego, o dinheiro que tinham era pouco, e, por isso, começaram a ter dificuldades em comprar prendas. Na mesma altura começaram a aparecer pessoas a falar na televisão, na antiga net e a escrever em jornais, uma coisa que já não há, traziam notícias todos os dias escritas em papel e vendiam-se nas ruas, a falarem de que se gastavam muito dinheiro em coisas que depois não se usavam, que havia pessoas que tinham muitas dificuldades e não parecia justo que outras pessoas gastassem tanto dinheiro em coisas inúteis e a defenderem, portanto, que seria melhor olhar para o Natal de outra forma. Ao princípio, a maioria das pessoas não ligava muito a estas opiniões mas, devagarinho, começaram a pensar que, de facto, muito do dinheiro que as pessoas gastavam era mal gasto e era mais útil se fosse usado para outras coisas. Além disso, as pessoas começaram também a achar graça encontrarem-se no Natal só para conversarem “ao vivo”, hábito que se foi perdendo com a utilização das máquinas. De maneira que as coisas no Natal se alteraram muito.
Avô, quem ficou pior foram os miúdos, não eram os que tinham mais prendas?
Só alguns. Mas todos ficaram melhor porque as pessoas aprenderam a dar as prendas ao longo do ano, a não darem coisas a mais, a darem mais tempo de brincadeira com os miúdos em vez de brinquedos a mais, etc. Eu acho que o teu Natal é mais bonito do que o meu quando tinha a tua idade.
Avô, percebi, agora vamos conversar sobre o quê?

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