AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A IRRESPONSABILIDADE DOS 24 EUROS

O governo anunciou, a propósito da discussão do Orçamento Geral do Estado, a intenção de subir 5,6% o salário mínimo nacional em 2009. Em euros, isto quer dizer subir 24 € passando o salário para 450 €. A algazarra que por aí vai com o anúncio. A Dra. Ferreira Leite acha que tal aumento “roça a irresponsabilidade”. As vozes do lado dos empregadores barafustam. De facto, é absolutamente escandaloso que se proponham ordenados tão vergonhosamente altos às pessoas. Vivemos em tempos de crise e, como é sabido, as dificuldades económicas atingem de forma mais significativa os grupos mais bem remunerados. Não é assim possível imaginar que alguém se lembre de proporcionar mais 24 € por mês a milhares de cidadãos que o mais que têm a fazer é pagar os seus impostos e ver o dinheiro desaparecer, por exemplo, em generosas pensões acumuladas por alguma rapaziada ou em almoços da administração da Gebalis.
O pormenor de, segundo os critérios internacionais, estar definido que o limiar de pobreza em Portugal é de 400 € para este ano e de 412 para 2009 é irrelevante. Onde é que já se viu em tempos tão difíceis promover o criminoso, injusto e despropositado aumento de 24 euros, levando a que muita gente passe a ter como ordenado 450 €? Provavelmente os que protestam receiam que esta gente, que assim vai enriquecer, lance alguma OPA hostil sobre os seus lugarzinhos que, lamentavelmente, terão aumentos mais baixinhos.
Já não espero que se preocupem com quem está mal, muito mal, mas, pelo menos, tenham a decência de parecer. Olhem que eles também votam.

2 comentários:

  1. Exmo. Senhor José Morgado:

    A justeza do seu post não merece reparos. Mas como sou petulante, acrescento um pouco de acidez.

    Eis a pergunta que deveria ser colocada de imediato a todas as pessoas que têm a desfaçatez de criticar o aumento do salário mínimo:
    - Consegue, neste país, fazer face à totalidade dos encargos mensais com a quantia de €450 (€900, no caso de se tratar de um agregado familiar sem filhos ou com filhos menores)?
    Depois seria só esperar pela criatividade das respostas...

    Comentário pessoal a este aumento:
    - Só peca por escasso (por não permitir viver com dignidade); e
    - não ser acompanhado pela sugestão/recomendação da descida/corte de todos os vencimentos e regalias obscenamente elevados que se praticam neste país face à crise e à execrável performance de quem os aufere, começando pelo senhor Aníbal Silva (1 vencimento + 3 reformas) e pelo senhor Vitor "não penso nisso" dos bancos (um dos mais bem pagos governadores a nível mundial!?).

    Pela renovação da indústria do pelourinho, atentamente.

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  2. Ó Professor, desculpe lá, mas o senhor está a pensar pequenino, mto pequenino! Pois o senhor não entende que o problema não está nos 24 Euros?! Por acaso imagina os milhares de vezes que estes 24 Euros irão ser multiplicados?! Não imagina, pois não?! Pois é! E já imaginou os milhares de euros que os patrões, pobrezinhos, vão perder com esta brincadeira?! Pois, está claro que não! Afinal 24 Euros não é nada, mesmo nada para um trabalhador, não vai adiantar nada, mesmo nada no seu orçamento familiar, mas o rombo que isso vai causar nos fracos haveres do patrão... Pense, Professor, pense!...

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