Era uma vez um homem e uma mulher que se chamavam Pais. Tinham um filho pequeno que era tudo para eles. Gostavam tanto dele que não se afastavam um minuto, nunca. Um deles, Pais, estava sempre ao pé do filho. Acompanhavam-no para todo o lado. Quando não era possível ficar bem junto, ficavam o mais perto possível para estarem atentos e vigilantes. Isto tanto acontecia quando o filho ia para a escola, como quando, mais raramente, brincava no parque, sempre com poucos amigos, mas com Pais bem pertinho. O filho foi crescendo sempre à sombra de Pais, tão próximos estavam, nem um solzinho lhe dava cor à pele. Uma noite, já o filho era mais velho, ouviu-se um barulho que sobressaltou Pais, numa das raríssimas ocasiões em que ambos dormiam. Assustados, correram a ver do filho, claro.
Encontraram a caixa onde o guardavam destapada e, ao lado da tampa, um bilhete, “Pais, preciso de aprender a respirar. Voltarei um dia, não se zanguem”.
Encontraram a caixa onde o guardavam destapada e, ao lado da tampa, um bilhete, “Pais, preciso de aprender a respirar. Voltarei um dia, não se zanguem”.
No meu primeiro ano de faculdade, aconteceu, certo dia, algo insólito que nunca mais esqueci. Naquela altura, quase todos os estudantes da cidade universitária comiam obviamente na Cantina da Cidade Universitária. Digo isto para que consigam imaginar uma cantina cheia de gente, "grávida de gente" em fim de tempo. Dois metros à minha frente, na fila estava um rapaz que eu conhecia dos corredores da faculdade. Ao lado dele, caminhava uma senhora que aparentava ser a mãe dele. Quando chegou a vez de serem servidos, a senhora, que nem tinha levado o tabuleiro, começa a ralhar com as funcionárias, apontando os defeitos da comida, a sua pouca quantidade e, acima de tudo, a sua fraquíssima qualidade. Todas as conversas pararam. Naquele momento, só se ouvia a voz da senhora, dizendo que não podia permitir que o filho que ela sempre tinha cuidado com tanto carinho andasse a comer aquelas porcarias. Nunca mais esquecerei a cara do meu colega. Envergonhado, transtornado, ansioso por fugir dali para fora, tentando, a todo o custo, calar aquela mãe que, assim, o punha em cheque perante uma multidão e tudo pelo "muito amor que lhe tinha".
ResponderEliminarNos rostos dos outros, só se reflectiam sentimentos de solidariedade e revolta.
Nem tudo se pode fazer em nome do amor...