AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 23 de junho de 2008

A VIOLÊNCIA ESCOLAR NÃO É UM CASO DE POLÍCIA

A propósito da realização em Lisboa de um Encontro Internacional, o Público retoma a questão da violência em contexto escolar apresentando uma entrevista com Eric Debarbieux, presidente do Observatório Internacional da Violência Escolar. Do trabalho apresentado, parece-me importante sublinhar algumas ideias.
A violência escolar é um fenómeno fortemente contextualizado, ou seja, é permeável a variáveis de contexto pelo que, qualquer iniciativa ou conjunto de iniciativas que queira, eficazmente, lidar coma a situação terá, necessariamente, de envolver as variáveis particulares de cada comunidade escolar. Dito de outra maneira, a violência escolar não é uma fatalidade, está ligada a aspectos identificados nos diferentes contextos escolares e devem ser esses aspectos os alvos privilegiados da intervenção, mais do que o aumento de dispositivos de repressão.
A segunda nota remete para a formação de professores. A qualidade e gravidade dos comportamentos ligados às diversas formas de violência escolar, mudaram significativamente nos últimos tempos, pelo que as respostas que as escolas habitualmente mobilizavam perderam eficácia. Assim sendo, é imprescindível proceder a ajustamentos significativos na formação de professores, designadamente na área da gestão de conflitos e funcionamento interpessoal. Como costumo dizer, para problemas novos não podemos ter soluções velhas.
Parece-me ainda importante a ideia de que nas escolas existam recursos humanos, para além dos professores, que com qualificação adequada possam funcionar como mediadores nas intervenções específicas nesta matéria.
Finalmente, chamava a atenção para um aspecto fundamental e que no nosso sistema educativo deveria merecer particular atenção. A liderança da escola e a qualidade da sua organização. É sabido que em instituições escolares bem organizadas, exigentes e com liderança clara e eficaz os números relativos à violência escolar baixam significativamente.
Só depois destes aspectos considerados, pensados e transformados em modelos de intervenção ajustados é que a violência escolar poderá passar a caso de polícia e a alvo privilegiado dos media.

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