De acordo com dados hoje divulgados pela agência europeia Eurostat, os portugueses são os cidadãos europeus que mais gastam em cafés, restaurantes e similares. Nós gastamos cerca de 9.5% do orçamento familiar enquanto a média europeia se fica nos 3.9%, menos de metade. Por outro lado, somos também dos que mais gastamos em médico e farmácia, cerca de 6.1% do orçamento familiar contra 3.4% da média europeia. Estes números, para quem conheça o nível de vida da maioria dos países da Europa, mas não nos conheça, poderão surpreender mas, de facto, são completamente previsíveis. Faz parte da nossa cultura. Logo de manhã o pequeno-almoço fora de casa, podemos lá começar o dia sem uns saudáveis croissants de chocolate ou uns folhados de salsicha acompanhados da meia de leite e uma bicazinha a seguir. É que nem o dia vai correr bem, mas façam as contas e não se esqueçam do bolicau e do Sumol dos miúdos no café ao pé da escola. E como aguentar o resto do dia sem uma bica e uma macieira, ou whisky, a seguir ao almoço, que aliás fizemos naquele restaurante que tem umas “gandas” pataniscas? Façam as contas, mas não se esqueçam de incluir as minis do fim da tarde para conviver um bocado, enquanto os miúdos lancham Coca-Cola. E a noite meus amigos? Em casa? Pode lá ser, vida só há uma e há que aproveitá-la. Pensam que somos alguns totós, como aqueles tipos dos outros países que passam o tempo em casa. Depois andam com aquela cara sempre triste. À pois é, estavam à espera de quê?
Bom, mas o problema vem a seguir. O pessoal não ganha para isto tudo e quando as contas apertam, lá vem a enxaqueca e a dor de barriga e, claro, o resto do orçamento, mesmo à conta descontando o carro e a casa, tem que ir para a farmácia e o médico.
Pá, não se pode ter tudo.
Bom, mas o problema vem a seguir. O pessoal não ganha para isto tudo e quando as contas apertam, lá vem a enxaqueca e a dor de barriga e, claro, o resto do orçamento, mesmo à conta descontando o carro e a casa, tem que ir para a farmácia e o médico.
Pá, não se pode ter tudo.
PS - No meio desta coerente informação, até parece estranha a referência da Igreja e de outras instituições, ao aumento exponencial das solicitações de apoio por parte de famílias necessitadas.
Um dia, qdo for grande (rsrs) quero ter o seu dom para a escrita, particularmente para descrever estes pequenos quadros vivos do nosso Portugal.
ResponderEliminarPor favor, não perca nunca o seu poder de observação nem esse humor tão especial!