De acordo com o Plano Estratégico de Habitação agora apresentado, em que se privilegia, de novo, o mercado de arrendamento e a reabilitação, merece especial referência a intenção de abandonar a construção de “bairros sociais” destinados, quase exclusivamente, a famílias altamente carenciadas. Finalmente. Há décadas que os estudos e experiências mostram que a construção de bairros sociais, num movimento de guetização social, representa o armadilhar de um barril de pólvora. Trata-se, depois, de esperar o tempo, a circunstância ou o rastilho que potenciem os previsíveis problemas, de maior ou menor violência. Lembremo-nos da recente onda de problemas na periferia de muitas cidades francesas e dos incidentes que, felizmente de forma episódica e sem grande densidade, vão aparecendo em muitos bairros que políticas urbanísticas erradas permitiram na periferia das nossas cidades.
Esses bairros, social e culturalmente “problemáticos” vão receber escolas que, naturalmente, se tornam “escolas problemáticas” com índices de insucesso elevado, potenciadores de fenómenos de exclusão que alimentam o “bairro problemático”, criando um ciclo que se torna extremamente difícil de alterar.
Parece assim de saudar a intenção de contrariar este movimento de guetização. Por outro lado, considerando que muitos de nós, apesar de uma retórica diferente, temos a perspectiva NIMBY, “not in my backyard”, parece-me importante que se desenvolvam, sobretudo no âmbito das autarquias, campanhas que visem criar uma atitude globalmente favorável e receptiva a esta política integradora.
Esses bairros, social e culturalmente “problemáticos” vão receber escolas que, naturalmente, se tornam “escolas problemáticas” com índices de insucesso elevado, potenciadores de fenómenos de exclusão que alimentam o “bairro problemático”, criando um ciclo que se torna extremamente difícil de alterar.
Parece assim de saudar a intenção de contrariar este movimento de guetização. Por outro lado, considerando que muitos de nós, apesar de uma retórica diferente, temos a perspectiva NIMBY, “not in my backyard”, parece-me importante que se desenvolvam, sobretudo no âmbito das autarquias, campanhas que visem criar uma atitude globalmente favorável e receptiva a esta política integradora.
Até que enfim alguém concorda comigo. Há décadas que venho dizendo que alojar as pessoas que vêm dos bairros degradados em bairros novos que se vão degradar em 4 ou 5 anos é criar guetos.
ResponderEliminarDe vez em quando (nos meus pensamentos) pergunto: Onde está o altar do deus que proteje os pobres, humilhados, excluidos e guetizados?
ResponderEliminarA resposta tem sido invariávelmente a mesma. - DESSE deus NADA SABEMOS!
Será que começaram agora a construir um nicho para um deus que ainda ALGUÉM TEM QUE INVENTAR?
Saudações
Não consigo deixar de transpor esta questão para a escola. Para um tempo (nem sempre passado) em que se faziam turmas-de-alunos-problema, todos juntinhos, para não irem estragar outras turmas, com o pretexto de, assim, se poderem aplicar estratégias (??) mais eficazes. E desse modo, esses rapazes-problema não iriam trazer problemas aos rapazes-sem-problema.
ResponderEliminarMas o texto original é sobre bairros-guetos, não sobre turmas-guetos. As minhas desculpas.