O título do Público, “Os autarcas não são muito ricos, mas alguns não se governam mal” parece-me um bom indicador da representação que se foi instalando sobre o poder autárquico, ou seja, a velha ideia “eles estão lá para se governar”. No desenvolvimento fica-se a saber que, num universo de 311, 11 autarcas declararam ao Tribunal Constitucional poupanças superiores a 500 000€ e 20 declararam rendimentos sujeitos a IRS superiores a 100 000€. Estes números assim divulgados significam exactamente o quê? Que os autarcas com maiores rendimentos “não se governam mal”? Isso quer dizer o quê? Algo de ilícito? Ou que possuem património e são bons gestores dos seus investimentos? Se houver suspeitas que se investiguem. É evidente que é fundamental a existência de escrutínio sobre os rendimentos das figuras públicas mas num pressuposto de regulação e, quando for o caso, com desenvolvimentos quer na investigação, quer nas consequências. Aqui é que residem as grandes falhas.
Parece-me ainda que a grande questão é “como eles nos governam” em matérias como políticas urbanísticas, equipamentos sociais, culturais e desportivos, qualidade de vida e bem-estar dos munícipes, etc. É saber se o reconhecimento da sua obra depende do número de rotundas, dos centros comerciais autorizados, de modelos de espaços verdes desajustados em termos de clima e geografia. É saber se os quadros de pessoal das autarquias estão ao serviço de caciquismo político.
É sobretudo em questões desta natureza que se torna imprescindível o escrutínio público, até porque é na gestão destas matérias que se escondem as tentações.
Parece-me ainda que a grande questão é “como eles nos governam” em matérias como políticas urbanísticas, equipamentos sociais, culturais e desportivos, qualidade de vida e bem-estar dos munícipes, etc. É saber se o reconhecimento da sua obra depende do número de rotundas, dos centros comerciais autorizados, de modelos de espaços verdes desajustados em termos de clima e geografia. É saber se os quadros de pessoal das autarquias estão ao serviço de caciquismo político.
É sobretudo em questões desta natureza que se torna imprescindível o escrutínio público, até porque é na gestão destas matérias que se escondem as tentações.
Quando o tema proposto é os rendimentos dos autarcas e suas declarações de riqueza ao tribunal Constitucional, talvez seja completamente descabido, mas não resisto a transcrever algumas glosas do poeta António Aleixo.
ResponderEliminarSó penso em roubar dinheiro
Quando ele me chegue bem
Para provar ao mundo inteiro
Que o não roubei a ninguém
Rouba muito que,de resto,
Terás um bom advogado
Que prova que és mais honesto
Que propriamente o roubado.
Quem tem "massa" é cavalheiro,
Por isso a vida anda torta.
O que importa é ter dinheiro,
Donde ele vem não importa
Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que ás vezes fico pensando
Que burrice é uma ciência!
Garanto (?) que não está no meu espírito conexar as glosas com alguns autarcas bem conhecidos de todos nós.
Saudações