Há muitos anos, lembro-me bem, ainda brincávamos na rua, melhor dizendo, ainda brincávamos. É certo que muitos de nós não tiveram muito tempo para brincar, logo de pequenos ficaram grandes. Não tínhamos muitos brinquedos, mas tínhamos um tempo e um espaço onde cabiam todas as brincadeiras.
Entretanto, chegaram outros tempos. Tempos que não são de brincar, são de trabalhar. Roubaram aos miúdos o tempo e o espaço que nós tínhamos e empregam-nos horas sem fim numas fábricas de pessoas, escolas, chamam-lhes. Aí os miúdos trabalham a sério pois, só assim, serão grandes a sério, acham. Às vezes, alguns miúdos ainda brincam de forma escondida, é que brincar passou a uma actividade clandestina que só pais ou professores “românticos” e “incompetentes” acham importante. Muitos outros miúdos vão para umas coisas a que chamam “tempos livres”, que de livres têm pouco, onde, frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a continuação do trabalho que se faz na fábrica.
Se perguntarem aos putos, vão ficar a saber que brincar é a actividade mais séria que fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base de tudo o que vão ser.
Entretanto, chegaram outros tempos. Tempos que não são de brincar, são de trabalhar. Roubaram aos miúdos o tempo e o espaço que nós tínhamos e empregam-nos horas sem fim numas fábricas de pessoas, escolas, chamam-lhes. Aí os miúdos trabalham a sério pois, só assim, serão grandes a sério, acham. Às vezes, alguns miúdos ainda brincam de forma escondida, é que brincar passou a uma actividade clandestina que só pais ou professores “românticos” e “incompetentes” acham importante. Muitos outros miúdos vão para umas coisas a que chamam “tempos livres”, que de livres têm pouco, onde, frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a continuação do trabalho que se faz na fábrica.
Se perguntarem aos putos, vão ficar a saber que brincar é a actividade mais séria que fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base de tudo o que vão ser.
quando tinha seis anos, tinha vontade de espernear, saltar, brincar, observar tudo o que envolvia, descobrir sempre mais coisas, comunicar experimentando, correr,rir com toda a vontade, chorar até cansar, subir escadas sem parar, saltar poças por prazer.poucos anos mais tarde a minha mãe dizia-me "quando fores crescid@ hás-de ter um filho igual ou pior a ti manin@ mais desinquiet@!!!" ainda me lembro qual a resposta... "quero um pior, quero um pior!!!" ainda hoje sinto que desejo para mim uma cria com "ganas" de ser criança, e para isso irá caber-me a mim arranjar maneira de que não lhe cortem as asas para poder encher a barriga de brincadeiras, pois foi o que fiz e sinto que foram os melhores anos da minha vida...brincar é o nosso primeiro laboratório!alun@
ResponderEliminarCom duas pedras fazia-se uma baliza.
ResponderEliminarAbraço
A.C.
No meu tempo tb havia essas fábricas de pessoas. Mas eu acho que, no meu tempo, as pessoas saíam mais bem feitas, pq, apesar de os professores, a maior parte deles, serem mais exigentes (tão mais exigentes!) do que agora, nós (as pessoas em construção) tínhamos tempo para brincar, tínhamos tempo para conversarmos uns com os outros. Ainda me lembro com que felicidade escutávamos o toque para feriado e ouvíamos a funcionária dizer: os meninos podem-se ir embora que a senhora professora não vem! E lá íamos nós, numa alegria só, sentarmo-nos nos bancos do pátio para conversar ou pedir uma bola para um joguinho rápido. Agora, nessas tais fábricas, as pessoas-produtos não têm direito de brincar. E, por isso, mal falta o professor-operário, as pessoas-produtos são logo encaminhadas para outro professor-operário que, às vezes, até trabalha noutra secção qualquer da fábrica mas para o efeito tanto faz. E depois, quando ao fim do dia, as pessoas são despejadas dessas fábricas de pessoas, vão para outras fábricas e outras e mais outras até que chegam a casa de tal forma cansadas que já nem sabem ser pessoas.
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