AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 26 de agosto de 2007

CHUVA GRADA EM AGOSTO, ANO DE FOME

Como é habitual o fim-de-semana acontece no meu Alentejo. Para a manhã de sábado estava previsto acabar a rega dos pomares, fabricar um bocado de terra, encanteirá-la e pôr uns tomateiros que garantem tomate até mais tarde. Ia a lida no começo quando chegou a anunciada chuva. O cheiro que a terra seca mostra às primeiras águas é inconfundível. Com a chuva a engrossar comentei com o mestre Zé Marrafa que assim tínhamos uma boa ajuda, acrescentando que, para uma terra seca, a água seria sempre bem-vinda. Surpreendentemente, com os olhos meio fechados a espreitar por baixo da pala do boné, o velho Marrafa diz-me que estava preocupado com aquela chuva e preferia que ela parasse. Não percebi ao que ele acrescentou “chuva grada em Agosto é ano de fome”. Mais admirado fico. Aí vai a explicação. É cedo. Se a chuva for pouca as sementes de erva e pasto que estão em cima da terra não chegam a nascer. Se a chuva for grada então pode fazer nascer a erva e o pasto que, como seguramente acontecerá, ao voltar o calor secarão, salvando-se apenas alguma erva mais grossa mas insuficiente. Daí a fome. Fiquei convencido. O velho sabe.

Lembrei-me da quantidade de gente que anda por aí a comentar e a opinar sobre o que obviamente não sabe.

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