AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 1 de maio de 2007

CRIANÇAS, JOVENS E ECRÃS

Duas notícias da imprensa de hoje referem-se a aspectos que, sendo de natureza diferente, têm um denominador comum.

O primeiro trabalho, no DN, enuncia os potenciais efeitos negativos que a exposição excessiva à televisão de crianças com menos de três anos pode provocar. A peça, citando os estudos de um psicólogo britânico, refere que uma hora e meia de televisão diária, compromete o desenvolvimento saudável envolvendo sérios riscos, por exemplo, de “défice de concentração, autismo e obesidade”. De acordo com o mesmo autor a tabela ajustada seria: sem televisão até aos três anos, meia hora até aos sete, uma hora até aos doze, hora e meia até aos quinze e nunca mais de duas horas por dia.

Variadíssimos estudos em Portugal e noutros países, mostram que estes indicadores são substantivamente ultrapassados pelas crianças e jovens, sobretudo nos países mais desenvolvidos.

A outra notícia, no Público, refere que, nos últimos dois anos, se registaram em Portugal 50 explosões provocadas por adolescentes com base em receitas retiradas da net. Destes incidentes não têm resultado, parece, consequências de maior.

O denominador comum é o ecrã, os vários ecrãs (tv, computador, consola, etc) presentes na vida das crianças e jovens. Creio que diabolizar, como é frequente, este tipo de dispositivos não ajudará a equilibrar o seu “consumo”. A questão central, creio, remete para a situação de solidão, por vezes acompanhada, em que muitas crianças e jovens vivem, facilitando a sua ligação excessiva ao tal ecrã que funciona como “baby-sitter”. Não é raro ouvir pais afirmando que, enquanto estão ao computador, os filhos não andam em ”más companhias”. É neste quadro que me parece residir o verdadeiro problema, isto é, como é que nas sociedades actuais, com os estilos de vida actuais, poderemos estruturar mecanismos de apoio e supervisão aos tempos não escolares da crianças e jovens que promovam uma sã concorrência com algo que sendo muito importante e útil, não pode ser o tudo da vida delas.

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