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quinta-feira, 7 de março de 2024

NOTÍCIAS DO DESLUMBRAMENTO, PERDÃO, DA TRANSIÇÃO DIGITAL

 Na imprensa de hoje surge a notícia de que o concurso aberto pelo ME para a reparação de computadores das escolas ficou deserto.

Estamos a três meses da realização das provas de aferição e exames do básico que pela teimosia do ME assente no deslumbramento digital se realização em formato digital.

As escolas estão preocupadas, os professores de informática entendem, naturalmente, que a reparação de computadores, não é exactamente a sua função e o ME, como habitualmente, diz que os computadores existentes são suficientes. As notícias referem ainda a possibilidade haver “empréstimos” de computadores entre escolas.

Tinha alguma esperança de que o bom senso e a reflexão sobre o que se passa noutros sistemas educativos que desencadearam uma reflexão e tomadas de decisão relativamente à introdução em termos excessivos dos recursos digitais pudesse contribuir para um maior equilíbrio e prudência na utilização destes recursos, designadamente nos primeiros anos de escolaridade.

Continuam, como hoje se refere, a existir com demasiada frequência queixas relativas ao acesso a equipamentos por parte dos alunos, à qualidade dos equipamentos, a insuficiência dos recursos necessários à adequada utilização dos equipamentos, nas escolas, mas em particular nas salas de aulas, infra-estruturas eléctricas e rede de net eficientes, por exemplo. Acresce o problema hoje divulgado relativo à reparação dos computadores nas escolas.

É ainda de considerar a existência de uma enorme diversidade na literacia digital dos alunos. Deste cenário podem decorrer situações sérias de desigualdade entre escolas e entre alunos e todos conhecemos múltiplas situações que evidenciam a enorme disparidade de recursos e da sua utilização.

É conhecido também que muitas famílias recusam receber os computadores pois em caso de problemas serão responsáveis pelos equipamentos. Nesta situação estão sobretudo famílias com menores rendimentos o que, naturalmente, não será de estranhar. Uma hipótese seria que a sua utilização estivesse integrada no seguro escolar.

A Associação Nacional de Professores de Informática referiu há algum tempo as dificuldades existentes e também o Presidente do IAVE afirmou já em 2023 que não estavam reunidas as “condições ideais”.

A tutela, que parece entender que a realidade é a projecção dos seus desejos, insiste na digitalização, na base do “vai correr bem” habitual e, por deslumbramento ou por intenção menos clara insiste nas provas digitais, para já no secundário ainda não.

De facto, o processo de realização da avaliação em formato digital tem decorrido em modo, ia escrever “cada tiro, cada melro”, mas como não sou dado às coisas da cinegética e para prevenir alguma reacção, escrevo, “cada cavadela, cada minhoca”.

Como já aqui escrevi, este processo não podia correr assim, é mau, muito mau.

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