AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 23 de julho de 2016

DOS DIAS DO ALENTEJO. ARRANCAR DENTES E ARRANCAR ÁRVORES

No fim de uma tarde muito quente e da lida de hoje, regar horta e pomar, preparar a terra e plantar duas dúzias de alfaces e um cento de alhos franceses trazidos da Quinta dos Bonecos lá para os lados de Montemor, chega o tempo para umas lérias e para umas ”minis” com o Mestre Marrafa.
Às tantas, conta-me que tem um dente a “dar-lhe umas fezes”, a incomodá-lo, e foi informar-se de quanto custaria extraí-lo, ficou “assustado” com o preço, 35€ no mínimo, 50€ mais provavelmente.
O Mestre Marrafa acha muito e perguntava-se, perguntava-me, “se arrancar um dente são 35€ euros quanto não levariam de arrancar uma árvore grande?”
Sem que me desse tempo a dizer qualquer coisa, naquele seu jeito, com os olhos pequenos meio cerrados e a rir-se acrescenta, “andei tantos dias a arrancar sobreiras e azinheiras já grandes, mais do que uma por dia só com um enxadão e não ganhava isso por mês”.
Na verdade o tempo muda, muda muito e nem sempre se entendem todas as mudanças.
Bebemos mais uma cerveja, bem fresquinha, que o calor está áspero e, espero eu, que o dente do Velho Marrafa não de lhe dê mais “fezes”.
São assim os dias do Alentejo.

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