AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 19 de julho de 2016

DAS TURMAS HOMOGÉNEAS

Na Madeira foram agora conhecidos os resultados escolares dos alunos de 7º ano de duas escolas que foram agrupados em turmas consideradas “homogéneas” face ao seu percurso académico.
Os resultados foram muito positivos nas duas escolas e, naturalmente, todos os envolvidos ficaram satisfeitos a começar pelos alunos.
Na Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos do Caniço foram constituídas cinco turmas com um máximo de 15 alunos sendo quatro compostas por alunos com menores resultados e que receberam mais apoio pedagógico.
Todas as 5 turmas tiveram pares pedagógicos (dois professores na sala) em disciplinas como Português, Matemática e Língua Estrangeira.
Na Escola Básica do 2º 2 3º ciclo do Estreito foram constituídas também turmas de nível com um máximo de 22 alunos podendo mudar de turma durante o ano e também com pares pedagógicos em Português, Matemática e Inglês.
Fico, evidentemente, satisfeito com os resultados dos alunos e a satisfação de docentes e encarregados de educação. No entanto, algumas dúvidas.
Os alunos com mais dificuldades tiveram “mais apoio pedagógico”, as turmas têm um número de alunos razoável, um máximo de15 e 22 alunos, respectivamente. Em Português Matemática e Inglês ou Língua Estrangeira a presença de dois professores em simultâneo na sala. Neste cenário conclui-se que o sucesso decorre da homogeneidade da turma, coisa que, evidentemente não existe pois não se conhecem dois alunos iguais. Não, não se pode retirar tal conclusão.
Na verdade se a homogeneidade fosse uma ferramenta de sucesso, todas as turmas que em muitas escolas existem constituídas alunos “descamisados”, os maus alunos, teriam de imediato sucesso, seriam homogéneas. A verdade é que não têm.
O que fomenta o sucesso é “mais apoio pedagógico” aos alunos com mais dificuldades.
O que fomenta o sucesso é um "número de alunos por turma razoável" e que permite um melhor trabalho e mais atenção individual como os estudos mostram e foram objecto de um trabalho recente do CNE.
O que fomenta o sucesso é o recurso a dispositivos como o "par pedagógico", dois professores em simultâneo nas disciplinas em que os alunos experimentam mais dificuldades.
Generalizem medidas desta natureza e teremos melhor trabalho de alunos e professores.
Não é sustentável afirmar que a variável que contribuiu para os bons resultados atingidos é a homogeneidade das turmas. É ainda perigoso que esta leitura possa legitimar decisões na constituição das turmas, guetizando alunos sem resultados se as outras variáveis não forem consideradas. Como muitas vezes não são.

3 comentários:

  1. Claro que esta seria uma realidade perto da ideal. Mas será viável? É que implica uma alocação de recursos enorme. Turmas mais pequenas e pares pedagógicas implica muitos mais horários, logo necessidade de contratação de professores. Se pudesse ser... ótimo, mas duvido. Seria necessário investir muito mais dinheiro na educação.

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  2. Talvez possamos gerir melhor os recursos que temos e não esquecer que em educação não existe despesa existe investimento. É uma questão de opções políticas.

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  3. Entre investir na Educação ou investir nos bancos, escolho a Educação...

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