quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A HISTÓRIA DO DIFERENTE


Era uma vez um miúdo chamado Diferente. Quando chegou a altura de ir para a escola os Iguais pensaram que talvez fosse boa ideia o Diferente ir para a escola onde andavam os Iguaizinhos, os filhos dos Iguais.
Ao entrar na escola o Diferente achou, ainda não tinha visto muitos, que os Iguaizinhos que lá andavam também eram diferentes, isto é, não eram como ele, mas não, os Iguais explicaram aos Iguaizinhos que apenas o Diferente era Diferente, eles eram Iguaizinhos.
Assim, o Diferente foi para uma sala e os Iguais não sabendo muito bem o que fazer com um Diferente acharam melhor não fazer muita coisa, deram-lhe um brinquedo para estar entretido e aos Iguaizinhos ensinavam coisas da escola. O Diferente sentia-se aborrecido porque também gostava de aprender coisas da escola.
Aos intervalos, os Iguaizinhos iam brincar para o recreio e como os Iguais lhes tinham dito que aquele colega era um Diferente, achavam que talvez ele não soubesse brincar e, por isso, não brincavam com ele. O Diferente sentia-se triste porque gostava de experimentar brincar daquela maneira que os Iguaizinhos brincavam mas ficava num canto a olhar.
Na altura do almoço e dos lanches, os Iguais, temendo que o Diferente pudesse não estar à vontade sentavam-no num canto do refeitório a ver os Iguaizinhos a comer e a conversar o que o deixava pouco satisfeito.
Às vezes, os Iguais levavam os Iguaizinhos a passeios e a visitas mas como pensavam que o Diferente poderia não gostar ou sentir-se bem, deixavam-no na escola com o seu brinquedo. O Diferente não percebia porque não o levavam com os Iguaizinhos naquelas saídas.
Assim eram os dias do Diferente, naquela escola onde os Iguais, de tão cuidadosos e preocupados com ele, não deixavam que nada lhe acontecesse, mesmo nada, nem a vida.

1 comentário:

Unknown disse...

Sim, realmente é o que acontece na maioria dos casos, é mais confortável e menos trabalhoso para todos os iguais reagirem assim... Este comportamento é perfeitamente negativo, não ajuda em nada estas crianças a crescerem e a tornarem-se elementos pró-ativos na sociedade dita inclusiva.