segunda-feira, 4 de agosto de 2014

OS RESULTADOS DA SINISTRA PROVA, UMA DUPLA HUMILHAÇÃO

"1500 professores chumbaram na prova de conhecimentos"

"Quase 86% dos candidatos a professores passam na prova de avaliação"

Foram conhecidos os resultados da Sinistra Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades para acesso à carreira de docente. Recordemos que esta prova foi realizada por docentes com menos de 5 anos de serviço, alguns com prática avaliada. Uma nota breve para sublinhar uma visão de copo meio cheio do Público e outra de copo meio vazio do Expresso.
Os resultados são curiosos, por assim dizer. Dos 10220 docentes que sofreram a humilhação de realizar uma insustentável Prova que só a teimosia, a arrogância e incompetência de Nuno Crato impuseram, quase 15% chumbou e a média ficou-se pelos 63%.
Os "chumbados" não poderão candidatar-se a dar aulas no próximo ano, justamente o que o MEC pretendia. Contrariamente aos exames de 4º e 6º ano nesta prova não será dada uma segunda oportunidade para que, depois de um período de explicações e estudo, os professores ignorantes e preguiçosos e que nem português conseguem escrever sem erros possam melhorar os resultados.
O Ministro Nuno Crato veio dizer, claro, que estes resultados mostram como é importante a prova que avalia capacidades lógicas e o conhecimento do português, dimensões fundamentais para ser professor. Um modelo de demagogia e oportunismo na defesa do indefensável.
Se esta Prova, um conjunto de charadas e perguntas de interpretação com resposta múltipla e um texto curto (250 a 350 palavras no qual 63% dos candidatos cometeu erros ortográficos, parte dos quais resultante, certamente, do atentado à Língua Portuguesa que dá pelo nome de Acordo e que agora alimentam uma discussão importante mas não essencial, neste contexto) de comentário, tivesse alguma coisa a ver com a função de professor, teríamos sérias razões para ficarmos preocupados com estes resultados e com a preparação dos pessoas que se candidatam a professor alguns já com anos de experiência. As escolas superiores e as universidades deveriam sentir-se muito incomodadas com o resultado do seu trabalho.
Acontece que, como qualquer pessoas minimamente conhecedora destas matérias entende, os conhecimento e as capacidades para se ser professor não são de todo avaliáveis por um dispositivo deste tipo. Crato também sabe disso, evidentemente, mas a manha e a agenda determinam este caminho.
Nuno Crato aproveitou a sua existência legal, está prevista desde 2007, para num exercício, mais um de, de desbaste nos professores e candidatos a professores eliminar uns quantos.
Se a realização da sinistra Prova constituiu uma página negra da educação em Portugal, os seus resultados são a cena final deste filme de mau gosto e representam uma dupla humilhação.
Crato não será absolvido pela história, é mau demais este episódio.

3 comentários:

Anónimo disse...

Se esta prova não demonstra a verdadeira qualidade de ensino de cada professor, que tipo de prova objetiva poderá fazê-lo? Tive também de fazer o exame de Português que nada serve para o meu curso de engenharia e vós reclamam por uma prova cujo o seu conteúdo é geral e revela se o professor em causa está habilitado a gerir um conjunto de situações que poderá utilizar o raciocínio praticado nesta prova apesar de o seu conteúdo não ser relevante para a profissão em causa.

Zé Morgado disse...

A única forma de avaliar adequadamente os Conhecimentos e Capacidades para se ser professor é
avaliar o trabalho em sala de aula com os alunos. É assim que se passa na generalidade dos países que têm dispositivos de avaliação à entrada da carreira. A avaliação através de uma só prova é rara, com este tipo de prova ... não existe. Esta prova nem sequer é uma prova de Português e acho estranho que tenha feito uma prova de Português à ENTRADA da carreira de engenheiro, não conheço nenhum engenheiro que a tenha realizado.

Anónimo disse...

Certamente nessa prova de Português tinha objetivos definidos e conteúdos para estudar, o que não se verifica no PACC. Esse exame a que se refere deve ter sido o de acesso à universidade, que também os professores fizeram, e não tem sentido licenciaram-no engenheiro e depois com um exame que nada pergunta do que levou anos a estudar, impossibilitarem-no de exercer a profissão para a qual professores universitários já o tinham certificado. E o fato de gerir um conjunto de situações alheias à disciplina que se leciona é que habilita uma pessoa a ser um bom professor????